segunda-feira, 24 de maio de 2010

Instantes Tensos no Aeroporto de Barranquilla

Reabastecido então, o turbo-hélice de quatro motores levantou vôo de Cali, dirigindo-se para Barranquilla. Tivemos permissão de baixar as mãos. Já atemorizado e nervoso por mais de uma hora, pedi licença para ir ao banheiro, situado na frente. O pistoleiro me mandou chegar à frente. Ao me aproximar dele, moveu a espingarda indicando que pusesse as mãos no porta-bagagens, acima, ficando de costas para ele. Daí, me revistou e me disse que podia ir andando.

Ao entrar no banheiro, notei que foram abertos dois pacotes no chão. Evidentemente o seqüestrador trouxe a espingarda a bordo desmontada, e a montou no banheiro nos primeiros minutos do vôo.

Chegamos a Barranquilla, na costa setentrional da Colômbia, às 14,15 horas. Passáramos o tempo de vôo conversando quietamente, procurando edificar um ao outro. Oramos em particular, não tanto para sermos libertos da situação perigosa, mas para termos sabedoria e força a fim de agir de modo criterioso. Logo depois de aterrissarmos em Barranquilla, novos eventos trouxeram mais motivos de ansiedade.

No taxeamento pela pista para levantar vôo, o avião de súbito começou a balançar — um pneu estourara. O seqüestrador começou a olhar nervosamente pelas janelas, andando para lá e para cá pelo corredor: Restringiu o número dos homens que consertariam o pneu e lhes deu uma hora para remendá-lo. Por meio do rádio do avião, ordenou-lhes que tirassem a camisa antes de se aproximarem do avião, pelo que parece para impedir que levassem armas escondidas.

Podíamos ver um grande carro-tanque estacionado na outra pista, perto do avião. Em certo ponto, vimos a fumaça subir dele. Parecia estar pegando fogo. Meu amigo, sentado ao meu lado, começou a comparar o perigo da explosão do caminhão de combustível com o perigo de ser baleado ao tentar sair do avião. Estávamos “entre dois fogos”. Houve momentos atemorizantes até que o incêndio do caminhão pôde ser controlado, por fim.

O pistoleiro abriu a porta do avião e várias vezes apontou para alguns dos homens do outro lado do campo. Atirou em um deles, assim assegurando-nos de que realmente usaria a espingarda se necessário, e que o proceder sábio era não oferecer resistência. Enquanto se consertava o pneu, ele libertou dois senhores idosos.

Quando o pneu já fora remendado, o sol tropical quente se fazia sentir dentro do avião. Os motores deram a partida e começamos a correr de novo pela pista. Ainda assim, o avião estremeceu — outro pneu estourado! Imaginávamos que alguém atirara nos pneus ou os esvaziara — dois estouros pareciam uma improvável coincidência. Talvez a polícia estivesse esperando que escurecesse. Durante esse segundo conserto, outros dois homens idosos foram libertos. Um deles era estudante da Bíblia, que fazia seu primeiro vôo de avião.

O tempo parecia arrastar-se, sob os olhos vigilantes do pistoleiro. Todos temiam que sua paciência se esgotasse, resultando em violência. Líamos nossas Bíblias e revistas que tínhamos trazido conosco. Isto ajudou a aliviar um pouco a tensão. Ao escurecer, o seqüestrador ordenou que não se acendessem quaisquer luzes. Esperávamos no calor e na escuridão que acontecesse algo.

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